A reserva situa-se ao sul da província de Mendoza a 470 km da capital e a 65 km leste da cidade de Malargüe, no departamento com o mesmo nome. A área foi declarada como reserva em 1980 e protege aproximadamente 40000 hectares, abrangendo todo o espelho d’ água da lagoa que dá o nome à reserva.
O termo Llancanelo é derivado da voz indígena Yanca = pedra de quartzo com a qual cosntruían as pontas de flexas, e Nelo = cor verde-azulado, que se acredita que se refere ao aspécto desta lagoa triangular, que ao ser observada de lugares altos tem a forma das pontas de flecha construidas pelos nativos para caçar.
O motivo fundamental para a criação desta reserva é a riqueza de aves aquáticas, já que correspode o um dos locais de nidificação, alimentação e migração de aves aquáticas, que é considerada uma das mais importantes zonas húmidas na América do Sul. O posto de guarda parques é chamado Carilauquen.
Em contraste com a elevação dos Andes, em diferentes setores, adjacentes às montanhas, se formaram depressões, como a extensa Depressão dos Huarpes. Na parte sul desta depressão e no chamado baixo de Llancanelo está localizada a lagoa.
Paisagem
A lagoa faz fronteira ao sul e ao leste com a região do Payunia, destacando-se o antigo vulcão conhecido como Cerro Carapacho. Este vulcão apresenta a particularidae de que as lavas que o deram forma eram muito líquidas (se demomina hidroclástico, pois eram misturadas com água), e seu formato é de base ampla e de baixa altura. Aí também se encontra os Vulcões El Trapal e El Coral. O lago tem um comprimento de cerca de 50 quilómetros de norte a sul e de 10 a 12 milhas de leste a oeste e a profundidade é, quase em sua totalidade, de menos de um metro. As precipitações são raras, no entanto, o espelho d’água é alimentada por fluxos permanentes e semi permanentes. A superfície do espelho d’água varia acentuadamente de ano a ano, em função das contribuições dos seus principais afluentes e a área total da bacia a qual é de aproximadamente 4600 quilómetros quadrados (uma bacia hidrográfica representa toda a área cujos rios derivam seus cursos d’águas). Ao norte desemboca o rio Malargüe, seu principal afluente superficial, formando pântanos e brejos. Em direção ao noroeste algumas vertentes formam pastos férteis, e daí surgem alguns pequenos córregos de curta distância, como o córrego Carilauquen, Menucos e Carapacho. O ambiente constitui um grupo formado por pântanos, bejos, salinas e o espelho d’água. Em geral manifesta-se um aumento da salinidade no solo à medida que caminhamos em direção à lagoa, o que afeta as comunidades vegetais, de acordo com a concentração de sal na terra. O fator mais impactante em relação à vida selvagem é a grande diversidade e abundância de aves aquáticas. Este lugar preserva uma das maiores populações nidificantes de flamingos do mundo (três espécies). Os flamingos são especialistas em alimentar-se, filtram plâncton e pequenos organismos, através de minúsculos canais que têm dentro de seus bicos que são mergulhados de cabeça para baixo na água.
Aí também nidificam mais de 10 espécies de patos, entre as mais vistosas estão: o cisne de pescoço negro e o cisne de coscoroba. Os patos alimentam-se na superfície d’água com os seus bicos chatos, onde coletam sementes e pequenos animais que flutuam na água. Há gallaretas e várias espécies de garças, as primeiras consomem vegetação submersa, as garças capturam peixes, pequenos vertebrados e artrópodes. Como rota migratória, essa região é importante para playeros e chorlitos que conseguem seus alimentos mergulhando seus bicos na lama das águas rasas e assim obter pequenos crustáceos e outros invertebrados. Como você pode notar as aves aquáticas têm uma grande variedade de maneiras para explorar os recursos alimentares e, assim, poder conviver com mais de 220 espécies de aves, sem competir por um mesmo nicho. Além disso, os padrões nidificação são variados como com os pequenos “cone trunco de barro”, os flamingos, as plataformas de vegetação aquática das gallaretas, a construção de ninhos em arbustos pelas garças, ou simplesmente a nidificação no terreno pelos patos e chorlos.
Além das aves, existem outras espécies aquáticas como o coipo, roedores médios, adaptados à vida na água com suas patas palmeadas para nadar agilmente e suas tocas cavada na beira do rio, onde ele também consegue vegetação aquática ou na várzea para facilitar sua alimentação. Na fauna íctia se destaca a presença do peixe rei patagônico que se alimenta de plâncton. Nos ambientes terrestres em torno da lagoa há vizcachas, cuises, piche, e raposas cinzentas e vermelhas, serpentes e emas. Nas salinas, em torno da lagoa, habita um roedor endêmico considerado ameaçado que constrói o seu ninho em dunas baixas: o rato vizcahca do sal. Este se alimenta na vegetação halófila, sendo uma das espécies de mamíferos mais adaptadas à vida no deserto no mundo. As comunidades vegetais dominantes aqui são arbustos altos e abertos e pastos de herbáceas rasteiras. Existem três espécies características de jumes (arbustos salgados) e pastagens salgadas nestas áreas baixas, e de maior concentração de sal. Rumo às partes de maiores altitudes, nas pequenas dunas, encontramos zampa, chuquiraga e llaullines. Na lagoa se destaca a vegetação subaquática, vegetação de áreas alagadoas como o junco, cortaderas e totoras.